Nordestinês
Nordestino quando se empolga, fica com a mulesta dos cachorros!
Nordestino não bate, ele ‘senta-le’ a mãozada!
Nordestino não fica Solteiro, ele fica na bagaçeira!
Nordestino não sai pra farra… ele sai pro muído, pra bagaça!
Nordestino não bebe um drink, ele toma uma!
Nordestino não é sortudo, ele é cagado!
Nordestino não corre, ele dá uma carreira!
Nordestino não malha dos outros, ele manga!
Nordestino não conversa, ele resenha!
Nordestino não toma água com açúcar, ele toma garapa!
Nordestino não percebe, ele dá fé!
Nordestino não sai apressado, ele sai desembestado!
Nordestino não aperta, ele arroxa!
Nordestino não dá volta, ele arrudeia!
Nordestino não espera um minuto, ele espera um pedacinho!
Nordestino não é distraído, ele é avoado, apombaiado!
Nordestino quando está irritado com alguém que fica diz: Homi largue de frangagem!
Nordestino não fica com vergonha, ele fica encabulado, todo errado!
Nordestino não passa a roupa, ele engoma a roupa!
Nordestino não houve barulho, ele ouve zuada!
Nordestino não acompanha casal de namorados, ele segura vela!
Nordestino não rega as plantas, ele ‘agoa’ as plantas.
Nordestino não quebra algo, ele tora!
Nordestino não é esperto, ele é desenrolado!
Nordestino não é rico, ele é um cabra estribado!
Nordestino não é homem, ele é macho!
Nordestino não pede almoço, ele pede o cumê
Nordestino não come carne, ele come ‘mistura’
Nordestino não lancha, merenda!
Nordestino não fica chei quando come, ele enche o bucho!
Nordestino não dá bronca, dá carão!
Nordestino não tem diarréia, tem caganeira!
Nordestino não tem mau cheiro nas axilas, ele tem suvaqueira!
Nordestino não tem perna fina, ele tem dois cambitos!
Nordestino não é mulherengo, ele é raparigueiro!
Nordestino não se dá mal, ele se lasca todinho!
Nordestino não é cheio de frescura, é pantinzeiro!
Nordestino não pula, dá pinote!
Nordestino não fica bravo, fica com a gota serena!
Nordestino não é malandro, é cabra de pêia!
Nordestino não fica apaixonado, ele arrêia os pneus todinho!
- Dialeto interiorano: É a forma típica do dialeto nordestino, caracterizada por apresentar forte som em /di/ e /ti/, e também a mais difundida pela mídia quando se trata do Nordeste. Falado nas regiões Agreste e Sertão, possui expressões bem típicas em cada estado. Ocorre na maioria dos estados nordestinos (do Rio Grande do Norte até Sergipe e nas regiões Sul e Centro-Sul do Ceará).
- Dialeto mateiro: Ocorre, como o nome mesmo sugere, na região da Zona da Mata, em estados que possuem essa região. Muito parecido com o dialeto interiorano, porém sofre influências dos dialetos de outras regiões do Brasil, e até mesmo de outras variantes dialetais nordestinas. É conhecido pela maneira de falar "mais rápida" que a do interior, além de expressões não existentes no dialeto interiorano.
- Dialeto recifense: Falado basicamente na Região Metropolitana do Recife, pronunciando também o /di/ e o /ti/ de maneira bem forte e também falando rápido, só que nesta variante há o predomínio da palatalização de fricativas, que ocorre não só antes de /t/ e /d/, mas antes de todas as consoantes.
- Dialeto do nordeste setentrional: Também conhecido como "dialeto da costa norte", essa variante, juntamente com as variantes do dialeto baiano e o dialeto do meio-norte, diferente das anteriormente citadas, palatalizam o /di/ e o /ti/ como na maioria das outras regiões do Brasil. Falado basicamente na Região Metropolitana de Fortaleza, nas regiões Norte e Noroeste do Ceará, parte da região jaguaribana (ainda no Ceará), na maior parte do estado do Piauí, nas regiões Leste e Norte do Maranhão. As três capitais dos respectivos estados (Fortaleza, Teresina e São Luís) falam esse dialeto.
- Dialeto do meio-norte: Fala já bastante influenciada pelo dialeto da Região Norte do Brasil, havendo um meio-termo entre a palatalização de fricativas, que pode ser mais fraca ou mais intensa, dependendo da proximidade dos estados que falam essa variante com outras regiões, podendo até não haver nenhuma palatalização de fricativas. Falado nas regiões Oeste, Central e Sul do Maranhão, e nas região Sudoeste do Piauí (onde provavelmente poderá ser formado o novo estado da Gurgueia).
- Dialeto do Recôncavo baiano: O mais falado em todo o estado da Bahia. De entonações frasais mais suaves que as demais variantes dos dialetos nordestinos, ocorre principalmente na Região Metropolitana de Salvador, e tanto nesta região como no Recôncavo baiano tem expressões bem típicas. Assim como na variedade dialetal do meio-norte, há um meio-termo na palatalização de fricativas.
- Dialeto do São Francisco: Falado na Bahia pelas regiões ao leste do Rio São Francisco. Um meio-termo entre a variante do Recôncavo baiano e a do oeste baiano. Na fronteira com Pernambuco e Alagoas, sofre influência da variante dialetal interiorana.
- Dialeto do oeste baiano: Presente no Oeste da Bahia, na divisa com o Tocantins e Goiás. Recebe influência do dialeto sertanejo.
PECULIARIDADES GRAMATICAIS
Algumas peculiaridades gramaticais do português falado no Nordeste são: a omissão do artigo definido antes de nome próprio com a função implícita e instintiva de diferenciar objetos, animais e coisas de pessoas e afins, poupando assim artigos que seriam desnecessários e em demasiado "artificialesco" (forçado, algo não-natural e não-espontâneo), e acordo com os falantes dessa variação (p. ex.: "Maria foi à feira" em vez de "A Maria foi à feira") e a inversão da colocação da partícula negativa (p. ex.: "Sei não" em vez de"Não sei").
COMPOSIÇÃO LEXICAL
O léxico adotado no Nordeste é, em sua maioria, o mesmo usado nas demais regiões do Brasil e em Portugal; contudo, pode haver grandes mudanças semânticas. Alguns exemplos dessas mudanças são palavras como "zunir", que quer dizer "arremessar", enquanto em outros lugares do Brasil designa o ruído do vento; ou "prenda", que no nordeste significa "presente", enquanto em outras regiões do Brasil significa "grávida" ou "garota". O "tu", assim como no Sul do Brasil, é usado frequentemente na região nordeste. Em 2004, o jornalista Fred Navarro lançou o Dicionário do Nordeste, contendo cerca de cinco mil palavras e expressões peculiares à região.